Embora seja um fato bem estabelecido que
as escolas só tenham a ganhar com o uso das TICs, tanto do ponto de
vista pedagógico como do ponto de vista gerencial, ainda há uma lacuna
bem pronunciada entre a compreensão da necessidade desse uso e a
implementação efetiva dessas novas tecnologias na escola.
O uso das novas tecnologias que, em um
primeiro momento, se parece com um complicador a mais na árdua tarefa de
gestão do ambiente escolar, acaba se mostrando uma solução
simplificadora na medida em que pequenas ações vão se somando e
produzindo uma escola mais dinâmica, com um ensino de melhor qualidade e
uma gestão menos complexa.
Muitos gestores têm tanta dificuldade em
lidar com essas novas tecnologias quanto o corpo docente da escola e
isso lhes dá, assim como dá ao corpo docente, a falsa impressão de que a
tecnologia é um complicador a mais e, por isso, quanto menos tecnologia
mais simples será o processo de gestão da escola. Mas esse é um erro
conceitual que a prática vem mostrando ser danoso.
Escolas que abraçaram o uso das novas
tecnologias e modernizaram tanto a prática pedagógica quanto os
processos administrativos descobriram que é possível realizar as mesmas
tarefas que antes com um esforço muito menor e, além disso, perceberam
que as novas tecnologias também criam novas possibilidades que não
existiriam sem elas.
Investir no uso das novas tecnologias
não demanda a elaboração de projetos mirabolantes e nem a necessidade de
recursos exorbitantes. Esse investimento pode ser gradual, com pouco ou
nenhum recurso, e não precisa estar atrelado a um projeto específico da
Secretaria de Educação, da Diretoria de Ensino ou de alguma instituição
paralela.
A gestão escolar pode implementar um
projeto de uso das novas tecnologias a partir do levantamento dos usos
atuais dessas tecnologias e de um plano de ação, ou plano de metas, que
tenha como objetivos, pelo menos:
- A inclusão digital de alunos e professores da escola
- A informatização dos dados dos alunos e dos professores e a correspondente geração de relatórios administrativos e pedagógicos
- O uso da Internet e de seus recursos Web 2.0 e a implementação de meios de comunicação eficazes com alunos, professores e com a comunidade
Ações que permitem implementar esse plano de ação incluem:
- Abertura da Sala de Informática da escola ao uso dos alunos e professores
- Estabelecimento de parcerias estratégicas com a comunidade
- Disponibilização de recursos tecnológicos aos professores e aos alunos
- Inserção das TICs nos projetos pedagógicos da escola
O gestor não precisa ter um grande
domínio da tecnologia para implementar essas ações e gerir esse plano,
mas precisa ter sensibilidade para procurar na própria escola e na
comunidade as pessoas que têm uma proximidade maior com essas
tecnologias e delegar a elas as tarefas que requerem implementações
práticas. Cabe ao gestor o papel de criar e manter condições para que
essa equipe possa trabalhar com autonomia e disponibilidade de recursos,
sendo o ingrediente fundamental para o sucesso desse projeto apenas a
predisposição dos gestores ao uso das TICs.
A escola atual ainda está muito presa a amarras antigas que acabam tornando a gestão “uma atividade burocrática e um eterno serviço de bombeiro, que está sempre apagando incêndios“,
ao invés de permitir a ela uma atividade de gerenciamento inteligente
de recursos e projetos. Se, por um lado isso é verdade em muitas
escolas, por outro, a única forma que quebrar esse circulo vicioso é
tomando firmemente a decisão de quebrá-lo.
Há muitas experiências de sucesso que
podem ser compartilhadas e adaptadas, mas para isso a gestão precisa
procurar sua própria inserção digital e precisa aprender a trabalhar de
forma colaborativa também com seus pares. Diretores e coordenadores que
“não tiram o pé da escola” e não procuram soluções entre seus
pares, dificilmente verão nascer dentro de sua própria escola as
soluções que gostariam de ver implementadas e, mais dificilmente ainda
receberão algum “pacote de soluções prontas”.
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